Mesmo com a morte do Michael Jackson, a contratação do Muricy Ramalho pelo Palmeiras, a CPI da Petrobras e o lançamento da última edição do Farrazine algumas pessoas, quase sempre gente implicante e sem um hobby decente, acabaram notando que tem algo de errado acontecendo com o senado. Não, não que seja nada anormal, afinal, atos secretos, nepotismo, maracutaias, pequenos desvios de verba e palhaçadinhas em geral não são exatamente novidade em Brasília, mas parece que dessa vez algumas pessoas realmente ficaram chateadas, a opinião pública acordou do lado errado da cama e pode até ser que alguém sofra alguma punição grave, como ter que trabalhar todos os três dias da semana ou até mesmo ter que assistir a um discurso inteiro do Suplicy. E por que isso, meus amigos? Terá o Brasil se revoltado com a corrupção? Terá a sociedade decidido dar um basta na fanfarronice política? Será esse um sinal de que Dunga irá colocar Gilberto Silva no banco? Não, meus amigos, nada disso. A causa de toda essa revolta é apenas e simplesmente uma: o Brasil odeia o bigode do Sarney.
Não sei se vocês notaram, mas sempre houve algo de hostil quanto ao Sarney. Não por ele ter transformado o Maranhão no…no…no Maranhão, não por ele ser um escritor terrível, não por ele representar parte do que existe de mais retrógrado e fisiológico na política brasileira. Não, nada disso. Afinal, Collor está aí presidindo CPI e todo mundo acha uma graça; Marco Maciel é eleito e reeleito sem ninguém notar desde 1966 e você não vê gente por aí reclamando; Maluf pinta e borda e todo mundo acha super-cool e até faz camisas sobre o assunto. Não, o problema não é político. Se fosse político Collor não seria menos hostilizado do que Sarney e Maluf nem poderia sair na rua com medo de ser linchado (medo que Marco Maciel não teria, afinal, é só andar de lado e ficar invisível). O problema com Sarney é estético, meus amigos.
Tente pensar no bigode de Sarney. Existe ali, ainda que muitos de nós não consigam explicar, algo de terrível, nefasto, ominoso, chego a dizer anti-democrático. O bigode de Sarney, assim como todo bigode, é mais do que uma pelugem facial, é uma declaração de princípios, afinal, o bigode é o tipo mais deliberado de barba que pode existir. Se uma barba por fazer denota descaso ou despreocupação, um cavanhaque representa uma busca de estilo e uma barba feita mostra uma preocupação com uma aparência limpa e jovial, o bigode é diferente. O bigode é premeditado, já que não toma sua forma sozinho; o bigode é exibicionista, já que domina o rosto de forma solitária; o bigode é uma espécie de release facial que dá apenas uma informação: “eu não me importo com vocês”. O bigode é desdenhoso.
Para usar um bigode um homem precisa querer afirmar seu poder, sua masculinidade. Ele precisa, deliberada e conscientemente querer mostrar alguma coisa, provar alguma coisa, exibir alguma coisa. E é isso que o Brasil não perdoa, o exibicionismo evidente do bigode de José Sarney, sua incapacidade de usar uma barba comum ou um rosto raspado, sua necessidade de envergar um bigode como prova de seu poder e de seu descaso pela nossa lei, nossa vontade, nosso dinheiro e nosso senso estético.
O povo consegue perdoar Collor e seu topete, ainda que ele tenha sumido nos últimos anos. Consegue perdoar Maluf e sua face deslavada e bem barbeada. Consegue simplesmente não ser capaz de lembrar do rosto de Marco Maciel sem usar a busca de imagens do google. Mas diante daquela espessa capa de pêlos cobrindo o lábio superior do presidente do nosso senado o Brasil diz chega, o Brasil fica indignado, o Brasil manda o ônibus parar porque alguém vai ter que descer.
A crise não vai então se resolver com CPI ou com o supremo, ou mesmo com caras pintadas e revolta popular, nem mesmo com admoestações de Lula e comentários daquelas senhoras simpáticas que iam no Jô. Não, nada disso. A crise está a apenas um barbeador de acabar. Então relaxem e vamos esperar pra ver no que a próxima vai dar.
Ei, espera aí!!!
O Earl, personagem do Jason Lee em “My Name is Earl” tem bigode e é legal!!!!
Pra mim, o problema não é bigode… Por favor, se vai falar de crise política, fale sério!
O problema é o nome Sarney… Ninguém pode ter um nome de família igual a Sarney impunemente!
A crise vem do fato do nome não ser sonoro! É feio! Sarney… Dá pra fazer trocadilhos fracos!
Esqueça o bigode, isso é procurar “Sarney” pra se coçar.
Viu? Trocadilho ruim… É a crise da infâmia!
‘o bigode é uma espécie de release facial que dá apenas uma informação: “eu não me importo com vocês”. O bigode é desdenhoso’; ‘eu tentando imitar o veríssimo sem sucesso’… hahahha, você é muito bom!
sabe, por algum motivo que não sei bem explicar, sempre achei a fisionomia do Sarney parecida com a máscara do Darth Vader. Acho que é mais por isso q pelo bigode; afinal, o Seu Madruga, além do Earl, tb usava bigode.
ahuehauheua… Texto excelente. Eu ri muito do Marco Maciel andando de lado pra ficar invisível.
Particularmente, eu gosto de bigodes. Mas isso é só a minha raiva dessa nova moda de homem com traços andrógenos.
acho que você é a primeira criatura do sexo feminino dentro do meu universo de alcance que diz gostar de bigode. Como é que pode?
Segundo a minha irmã, bigode é o tipo de coisa que um homem só usa qdo seu amor pelas mulheres foi suplantado pelo seu gosto por seriados norte-americanos dos anos 30
ainda gosto do seu madruga e ainda acredito que o Brasil vai se livrar desses politicos safados….e sou brasileira e não desisto nunca, mas já estou ficando cansada.
Eu odeio bigodes, cara!
Odeio tanto bigodes, quanto chapéu de cowboy…
Hahahahaha! O Maicou tem que ler isso.