# tudo começaria de maneira sutil já na primeira semana. um móvel trocado de posição, uma comida sumindo da geladeira, uma festa anunciada com um tema, realizada com outro, o leifert nega que tenha havido qualquer mudança. na segunda semana começam os sons de martelada durante a noite, as sirenes que tocam em horários aleatórios, um gato preto aparece no confessionário mas desaparece rapidamente. na terceira semana, durante a noite, um participante apenas desaparece do confinamento, sem paredão, eliminação, nenhum aviso prévio. os integrantes da produção agem como se ele nunca tivesse existido, negam que houvesse mais uma pessoa na casa. as paredes são pintadas com cores diferentes no meio da noite, durante a manhã abrem a geladeira e dois corvos saem voando de dentro dela. durante a festa de sábado um bode aparece na piscina. uma semana depois, durante a madrugada, surge uma nova pessoa na casa, alegando ser o participante que sumiu, mas totalmente diferente, por exemplo, sumiu um homem negro alto, surge um homem branco baixinho. ele sabe de tudo que foi dito e conversado antes, porém ele parece esconder um mistério, fala sozinho pelos cantos, está sempre afiando uma faca imaginária. durante o próximo paredão thiago leifert não diz “boa noite” mas sim “viva cthulhu, venham provar seu sacrifício, deuses antigos”. final com paredão triplo. o bode continua na piscina.
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3 sugestões para aumentar a emoção no próximo BBB
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Dois novos referenciais de desconforto profundo na relação com outras pessoas
o paradigma da carona: daí que você pediu um favor. não é um grande favor. você não pediu um órgão pra transplante, não pediu pra pessoa cuidar dos seus filhos enquanto vai pra uma guerra, não pediu pra um plebeu que é impresionantemente parecido com você fingir ser rei enquanto você vive como um camponês pra conhecer melhor seus súditos. não, você pediu uma coisa simples. uma carona, um lugar pra dormir durante a noite, uma ajuda pra montar um guarda-roupa. e a pessoa, gente boa, amiga, prestativa, aceitou, claro, eu ajudo, que isso, a gente é bróder, aqui é parceiragem, é parceria + caradagem. e tudo começa bem. a carona chegou na hora, o sofá é bacana, a pessoa trouxe até a própria chave de fenda. você tá agradecido, você tá feliz, você tá fraterno.
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Gonna find my baby, gonna hold her tight, gonna grab some afternoon delight
Nesta semana que passou não tivemos texto novo por aqui mas em compensação discutimos a obrigatoriedade dos “relacionamentos sérios” no Papo de Homem, o uso de palavrões e do constrangimento como ferramentas de humor no Sobre Comédia e também o ódio do Alan Moore pelos super-heróis no Danger!. Clique nos links para prestigiar os assuntos mas não deixe de ler os comentários, fui xingado de algumas coisas bem criativas essa semana e acho que em breve alguém vai superar o dia em que um cara disse que eu “colocava a vagina num pedestal” e eu senti como é viver na vida real uma cena do filme “O virgem de 40 anos”.
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Mais adições ao guia pessoal de desconfortos do cotidiano
#Ser apresentado a uma pessoa, não conseguir guardar o nome dela, não ter mais contato com ela, não se preocupar. Meses depois topar com essa pessoa por acaso, descobrir que ela guardou seu nome, descobrir que ela por alguma razão está interessada em falar contigo. Ter momentos de terror durante uma conversa na qual ela se refere a você pelo nome em toda e cada uma das frases, o que apenas evidencia o quanto você não sabe o nome dela, já que ela se refere a você como joão e você se refere a ela como “cara”, “velho”, “prezado”, “dileto”, “querido” e “bacharel”, o que parece uma referência aos trapalhões mas é apenas um sinal de desespero. Passar o resto da vida evitando essa pessoa em ocasiões profissionais e pessoais mesmo que pra isso você precise atravessar ruas, trocar de vagão no metrô e num dado momento abandonar um prato semi-feito num restaurante self-service.
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3 grandes falhas discursivas que acontecem quando sou obrigado a interagir com pessoas desconhecidas ou com quem tenho pouca intimidade em ambientes ou momentos de extrema pressão pessoal ou profissional
A gíria bizarra – Sendo eu uma pessoa que só poderia ser considerada articulada pelos mesmos critérios que bonecos são considerados articulados – meus joelhos e cotovelos dobram – todo nível de interação pessoal que não seja previamente planejada e ensaiada com no mínimo 120 minutos de antecedência na minha cabeça ou mediada virtualmente e realizada por escrito tende a se tornar uma experiência não apenas complexa como também frustrante. Daí que uma coisa que para a maioria das pessoas seria uma surpresa positiva – reencontrar um velho conhecido no shopping, por exemplo – para mim rapidamente se torna uma experiência de terror abjeto já que, desorientado e confuso, considero que uma boa forma de disfarçar o meu pânico seja com o uso de gírias, para oferecer um ar de descontração ao momento. Daí respondo sobre como eu estou com um “sussinha”, descrevo meu trabalho como “tranquilo como um grilo e manso feito um ganso” e me despeço com um “vai na paz, queridão”. Certa vez respondi a uma pergunta numa reunião com “beeeeleeeeuza, creuza”. Sim, um encontro casual e me transformo num figurante estranho num filme do Zé Wilker.
E agora para alguma coisa completamente diferente
Após uma pausa de alguns anos, o Magic Pagode retorna, com novo leiaute e novas cartas. Prestigie e apóie a indústria nacional clicando aqui.
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Item #77 do guia de bolso dos pequenos desconfortos conversacionais
O sol já se pôs, a lua caminha inexorável pelo céu e você, diante da sua mesa de trabalho, está concluindo projetos atrasados, dando retoques em projetos atuais, preparando para o dia seguinte projetos vindouros. No fone de ouvido apenas músicas que te propiciam a maior e mais intensa imersão no universo burocrático do seu trabalho – acústico art popular – e a intenção de aproveitar as horas em que o escritório está absolutamente vazio para se dedicar de corpo e alma às suas demandas profissionais.
Mas o escritório não está absolutamente vazio, é claro. Enquanto Leandro Lehart entoa seu ôôaa ôôaa você ouve um som que lembra uma voz humana tentando romper a barreira idealmente intransponível representada pelos seus fones de ouvido de tamanho propositalmente grande e cores deliberadamente berrantes. No começo você ignora, mas o volume da manifestação externa vai apenas crescendo até chegar a um ponto em que você considera que pode ser adequado ao menos descobrir de onde vem o ruído.
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Publieditorial #73: As novas mídias estão mortas, viva as antigas mídias
Acredito que uma das grandes lições que eu aprendi nessa vida sobre o valor e relatividade da fama na internet aconteceu quando eu disse pro meu irmão que meu blog tinha conseguido dez mil acessos num dia, ele me perguntou o que isso queria dizer, eu disse que queria dizer muita gente e ele me perguntou “mas vai conseguir transar por causa disso?”. Nesse dia eu não apenas aprendi muito sobre o mundo online quanto também sobre o mundo offline, além de ter aceitado o fato de que não, eu não ia conseguir transar por causa daquilo. E dez mil acessos não são isso tudo também.
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