Eu sempre acreditei que os elementos mais importantes de todas as histórias de super-heróis eram as identidades secretas. E não apenas porque elas tornam narrativamente viáveis personagens que de outra maneira seriam quase assustadores – sem Clark Kent o Super-Homem é um alienígena que consegue ver por baixo da sua roupa, sem Bruce Wayne o Batman é uma lenda urbana que espanca pessoas com problemas mentais, sem Peter Parker o Homem-Aranha é um mascarado que se considera acima da lei e J.Jonah Jameson estava certo o tempo todo – mas também porque são elas que permitem ao leitor uma conexão, uma identificação, uma relação pessoal com aquele personagem.
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Sobre o dia mais claro, a noite mais densa, super-heróis enquanto mitos de conforto e um Lanterna Verde gay
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Mini-conto #12: As incríveis aventuras espaciais de Adam Strange no planeta Rann
De madrugada o telefone tocou e era alguém procurando Orlando. Depois disso não consegui mais dormir direito, rolei na cama, tomei três copos d’água. Quando finalmente peguei no sono o despertador tocou, fui tentar caminhar em direção ao banheiro ainda de olhos fechados e bati com a cabeça na porta. Não achei meu chinelo, o aquecedor não funcionava, tomei banho frio. Tia da roupa não tinha vindo na véspera, vesti aquela calça jeans de quando eu estava gordo, coloquei a camisa que estava em cima da cadeira. Essa era a que eu tinha separado pra lavar na noite anterior porque tinha uma mancha de molho na manga. Só notei quando já estava dentro do metrô.
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Dez textos de uma breve egotrip patrocinada
Para os que não se lembram, 2010 foi basicamente o ano da virada aqui no Just Wrapped em termos de visibilidade, já que no mesmo curto período de tempo não apenas fomos apadrinhados pelo conglomerado Interbarney – lucrativo como um agiota do interior porém carinhoso como um afago de mãe – como comecei a escrever artigos para o Papo de Homem, um portal com um fluxo de leitores infinitamente maior do que esse humilde blog e cujo nome a galera efetivamente consegue pronunciar – “como se chama seu blog mesmo, joão? justiça na lapa? é isso?”.
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5 anotações para possíveis histórias do Aquaman
# Terror no mar. Pânico nas águas. Uma invasão alienígena se aproxima e o primeiro a notar é Aquaman. Logo após conversar com seus amigos peixes, Aquaman convoca a Liga da Justiça. Enquanto Super-Homem enfrenta a frota alienígena nos céus, Mulher Maravilha e Flash combatem os vilões em terra e Batman usa suas habilidades como detetive para descobrir o ponto fraco dos invasores. Aquaman começa a se despedir dos peixes. Os alienígenas, após horas de batalha, conseguem derrotar a Mulher-Maravilha e aprisionar Flash, enquanto apenas Super-Homem resiste no campo de batalha e Batman começa a desconfiar que aqueles podem não ser alienígenas de verdade. Aquaman comenta com um salmão que as coisas não parecem estar indo bem. Batman descobre que os alienígenas na verdade eram andróides criados pelo maligno Dr. Ivo e com a ajuda do Super-Homem emite um pulso eletromagnético que desativa todos os robôs, salvando o planeta Terra. Flash é resgatado, todos voltam para a torre de vigilância, Aquaman comemora abraçando uma tainha. Continuar lendo
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3 problemas que eu tive com o filme do Lanterna Verde (e 2 coisas bacanas também)
A indefinição do tom: mais ou menos como uma senhora idosa participando do programa “Tentação” com Sílvio Santos, Lanterna Verde nunca sabe exatamente pra que lado ir. Se em alguns momentos ele procura a ficção científica, em outros ele avança na direção da comédia e em vários parte para o romance, sem em nenhum deles conseguir efetivamente funcionar. Não que outros filmes baseados em quadrinhos como Thor e Homem de Ferro não tenham nos mostrado que é possível sim transitar entre esses diversos gêneros, mas em Lanterna Verde isso sempre acontece de forma truncada e confusa, nunca parecendo realmente “orgânico”, como se algumas cenas tivessem sido enxertadas, montadas fora de ordem ou apenas filmadas porque o diretor de segunda unidade disse que seria “muita zuera” se fizessem. Exemplificando melhor o nível de sutileza e lógica nas transições temáticas, é mais ou menos como se com 30 min de “Aliens” Ridley Scott inserisse uma cena de jantar romântico e depois, lá perto do final, um alien aparecesse em cena e falasse pra Sigourney Weaver “puxa meu dedo”. Continuar lendo
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Sobre o porquê de eu não mencionar aqui no blog a minha opinião sobre o novo Homem-Aranha negro
Aviso: esse texto pode conter spoilers. Ou não. É um spoiler se eu avisar sobre os spoilers? Vamos refletir sobre isso.
Como vários de vocês devem ter ficado sabendo, seja pela mídia especializada, seja pelo twitter, seja por alguma matéria da Fox News dizendo que a Marvel é composta por um monte de judeus socialistas que querem destruir o ideal de vida americano, existe um novo Homem-Aranha nos quadrinhos e ele é negro. Na verdade latino afro-americano, se você quiser ser mais exato, e o nome dele é Miles Morales, um personagem ainda desconhecido e sobre o qual só vamos descobrir mais após o relançamento da revista do Homem-Aranha ultimate, o que deve acontecer nos próximos meses lá nos EUA.
Mas mesmo sendo o Homem-Aranha meu personagem preferido nos quadrinhos, o tema da representação racial nas HQs da Marvel e da DC um dos meus assuntos favoritos desde os tempos de faculdade e sendo eu um cara que segundo o censo faz parte de uma etnia minoritária (ainda que esquisitamente a moça do questionário parecesse mais interessada em levantar insinuações um tanto quanto levianas quanto ao fato de que eu divido apartamento com um outro homem que não tem laços de parentesco comigo) eu acabei, após uma profunda reflexão, decidindo que não, não vou tratar desse tema aqui no blog. Não porque eu não ache a discussão válida, não porque eu não tenha uma opinião intrincada, complexa, embasada e já devidamente formada sobre o tema, não porque eu não teria coragem de falar durante horas sobre coisas assim. Não, nada disso.
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Sobre quadrinhos, perspectivas, histórias do Esquiador Escarlate e reboots da DC Comics
Acho que não é novidade pra nenhum de vocês aqui o fato de que eu gosto de quadrinhos. Afinal, eu faço referências freqüentes a personagens, eu costumo citar o Super-Homem mais vezes do que eu menciono meu irmão e possivelmente já argumentei mais de uma vez, de forma embasada, que é injusto que o cargo de “Lanterna Verde” não seja concursado, como todos os outros cargos policiais. Mas ainda que eu possivelmente pareça uma pessoa realmente interessada, empolgada e absorvida pelos quadrinhos de super-heróis, a verdade é que…bem…é muito pior. Sério mesmo.
Isso porque o que eu cito aqui quase sempre é apenas a ponta do iceberg e não retrata fielmente o nível de importância que os quadrinhos – majoritariamente os de super-heróis, ainda que eu leia diversos outros gêneros – tem na minha vida. Afinal, são praticamente vinte anos lendo diversos títulos mensais, conhecendo a fundo a cronologia de diversos personagens e editoras, me mantendo atualizado com os lançamentos que acontecem lá fora e fazendo parte de ambientes onde as pessoas realmente discutem até as vias de fato quem venceria numa luta entre Batman, Godzilla e Apollo Doutrinador, entre outras coisas. (por sinal, uma dica: sempre chute “Batman” em momentos assim)
Top 4 – Razões pelas quais caras têm quedas por ruivas
O fascínio da minoria: Tudo que é diferente acaba chamando a atenção e possivelmente despertando interesse. Num período longínquo, quando loiras eram uma raridade que só poderia ser encontrada em latitudes específicas e quase sempre dentro de algum barco viking, nossos pais e avôs idolatravam loiras e daí surgiram mitos como Marilyn Monroe e derivadas (note que na minha cabeça meu avô, os vikings e Marilyn Monroe conviveram no mesmo período histórico). Já na nossa geração, um tanto quanto saturada com o “blonde boom” que se deu após a descoberta do poder da descoloração (possivelmente ensinado pelos vikings ao meu avô) as ruivas acabaram entrando em voga por serem, agora, o diferente, o incomum. Daí o recente interesse e a profunda presença das ruivas no imaginário masculino. Fora que quando você se perde de uma ruiva no shopping costumava ser bem mais fácil pra encontrar olhando de longe. Mas isso sou eu sendo frio e utilitário de novo.
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