# começou quando você viu aquela comédia romântica com o rapaz de harry potter. comédia romântica só fofura, comédia romântica só carinho, comédia romântica é mocinha e mocinho, aquela torcida, não tem grande surpresas. quinze minutos e você não tá curtindo o mocinho, meia hora e você tá simpatizando com o namorado da mocinha, uma hora de filme e você tá torcendo contra o casal, manifestando em voz alta que romance é mais que momento, que é fácil ser romântico sem as contas pra pagar, que estabilidade também é importante na vida. e aí você nota que na comédia romântica da vida você claramente não é o mocinho mas sim o namorado da mocinha. você não faz grandes gestos, você pede comida em casa, você defende rotina, você gosta do restaurante de sempre, você não é do tipo que leva flores mas sim do tipo que diz pra não esquecer a notinha fiscal do outback porque depois dá pra pegar petisco grátis da próxima vez (se possível as asinhas porque você curte asinha). você fica bem pensativo. você não gosta de imaginar sua namorada perto de caras parecidos com o adam sandler agora. você tá preocupado. comédia romântica com o rapaz de harry potter te deixou preocupado.
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Gonna find my baby, gonna hold her tight, gonna grab some afternoon delight
Nesta semana que passou não tivemos texto novo por aqui mas em compensação discutimos a obrigatoriedade dos “relacionamentos sérios” no Papo de Homem, o uso de palavrões e do constrangimento como ferramentas de humor no Sobre Comédia e também o ódio do Alan Moore pelos super-heróis no Danger!. Clique nos links para prestigiar os assuntos mas não deixe de ler os comentários, fui xingado de algumas coisas bem criativas essa semana e acho que em breve alguém vai superar o dia em que um cara disse que eu “colocava a vagina num pedestal” e eu senti como é viver na vida real uma cena do filme “O virgem de 40 anos”.
Arquivado em Milton Neves, trabalho, vida profissional
Do eterno dilema bumbum/virilha
E então você está lá com a gatinha no cinema. A noite é bonita, a conversa é interessante, a previsão do tempo garantia chuva mas o único clima que você consegue perceber é de romance. A pipoca está gostosa, as balinhas estalam na boca com doçura e a vida parece curta, mas não tão curta quanto aquela sainha sensacional que ela está usando – você já consegue imaginar aqueles belos joelhos tocando os seus durante essa simpática sessão cinematográfica. O filme é de terror, ela disse que sente medo, perguntou se pode segurar a sua mão e você sente que a vitória se aproxima, o sucesso é garantido e antes do final da noite você já vai ter chamado aquela linda de Terra de Vera Cruz e colonizado aquele corpinho todo.
Trecho número 67 de uma tentativa de teoria unificada das comédias românticas
De todos os conflitos lógicos que dominam o gênero das comédias românticas – estabilidade x novidade, liberdade x compromisso, aceitação x correção – poucos são mais complicados de solucionar racionalmente e geram mais dissociação em relação aos princípios do romance real e prático do que a dicotomia básica entre a definição do amor enquanto solução ou fim da jornada e a visão do romance enquanto processo ou conquista contínua, possivelmente as duas mais frequentemente apresentadas nesse contexto ficcional específico. Continuar lendo
Arquivado em cinema, citações, Desocupações, referências, romantismo desperdiçado, teorias
Recentes adendos ao pequeno dicionário de frustrações cognitivas
#a empolgação não contagiante – e você descobriu algum seriado/livro/filme e ele é espetacular. é a série que superará sopranos, é o livro que te fez achar guerra e paz uma bula de remédio, é o filme que fez cidadão kane pagar comédia. e você está absolutamente empolgado, desproporcionalmente fascinado, anormalmente intoxicado de alegria, de maneira que você gostaria de dormir com aquele livro, casar com aquele filme, oferecer orgasmos múltiplos para aquele box de dvd sem nem mesmo precisar daqueles 20 minutinhos dormindo no meio porque ninguém é de ferro e você fica todo suado também então daí é sempre bacana tomar um banho. e claro, você também quer espalhar essa boa nova para o máximo de pessoas possível, sejam eles amigos, familiares, colegas de trabalho ou apenas estranhos que porventura tiverem mantido contato visual contigo no metrô por mais de 3 segundos.
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Mini-conto #13: “Comédia romântica”
Nas comédias românticas as pessoas gostam de dizer que se lembram tudo. Que você usava vermelho, que a lua estava cheia, que nós pedimos macarrão, que o táxi atrasou, que o garçom era engraçado, que o seu perfume tinha algo de jasmim. Eu lembro que você me esperava na frente de uma banca de jornal, que quase não conseguimos achar um bar, que as pessoas falavam alto em torno da gente, que um garotinho se ofereceu pra fazer alguma coisa em troca de dinheiro – falar os dias da semana em inglês,foi isso? – e você foi muito simpática com ele e achei isso muito bacana em você. Eu não lembro exatamente da sua roupa, eu não lembro exatamente da lua, ou se estava frio, ou se estava quente, mas eu lembro que você estava com uma câmera e eu fiquei inseguro pensando se esse era um plano de emergência caso eu fosse muito chato – “ei, desculpa sair assim, mas esqueci que precisava fotografar uns canários agora à noite pra um trabalho e olha só, esse é meu táxi, tchau”. E no tempo que eu precisasse pra perguntar se canários efetivamente saem à noite e que tipo de trabalho era aquele você ia ter ido embora, algo assim. Mas naquela noite você ficou. E ainda consigo lembrar do primeiro sorriso que você me deu.
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Mini-conto #12: As incríveis aventuras espaciais de Adam Strange no planeta Rann
De madrugada o telefone tocou e era alguém procurando Orlando. Depois disso não consegui mais dormir direito, rolei na cama, tomei três copos d’água. Quando finalmente peguei no sono o despertador tocou, fui tentar caminhar em direção ao banheiro ainda de olhos fechados e bati com a cabeça na porta. Não achei meu chinelo, o aquecedor não funcionava, tomei banho frio. Tia da roupa não tinha vindo na véspera, vesti aquela calça jeans de quando eu estava gordo, coloquei a camisa que estava em cima da cadeira. Essa era a que eu tinha separado pra lavar na noite anterior porque tinha uma mancha de molho na manga. Só notei quando já estava dentro do metrô.
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